Paulo Setúbal

Paulo de Oliveira Leite Setúbal, um dos maiores expoentes da literatura brasileira, além de escritor, foi advogado e jornalista. Nasceu no dia 1º de janeiro de 1893, em Tatuí, onde passou a infância e apropriou-se da cultura “cabocla” para inspirar-se em muitas de suas obras.

Representações das tradições caipiras são encontradas, por exemplo, em “Confiteor” e “Alma Cabocla”. Outro “patrimônio” local eternizado pelo escritor foi o professor Francisco Pereira de Almeida.

Setúbal narra, na obra póstuma “Confiteor”, ter sido o mestre Chico Pereira – como era conhecido o educador benemérito – fundamental na formação educacional e humana dele.

O escritor se formou em direito, no ano de 1914, em São Paulo. Seis anos depois, em 1920, publicou o primeiro livro de poesias: “Alma Cabocla”, que se tornou “best-seller” na época, vendendo todos os 3.000 exemplares em apenas um mês.

Ao sucesso, seguiram-se outras obras, sempre do gênero romance histórico, como “A Marquesa de Santos”, “O Príncipe de Nassau” e “A Bandeira de Fernão Dias”, lançados entre 1925 e 1935.

Setúbal não se limitou à literatura: aventurou-se na política, elegendo-se deputado estadual, cargo ocupado entre 1928 e 1930. No entanto, vítima de tuberculose, acabou renunciando ao mandato. Nesse mesmo período, trabalhou no jornal “O Estado de S. Paulo”, como colaborador.

Nos anos seguintes a 1935, Setúbal publicou novos livros, diversificados entre contos, crônicas e memórias. Na poesia, priorizou a estética parnasiana, tematizando a vida dos camponeses – chamados caboclos – do interior de São Paulo.

Passou a ser tratado, então, como “poeta regional”, entre os intelectuais, por conta da escolha dos temas. Eleito à Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedeu a João Ribeiro na cadeira de número 31, em cerimônia no dia 27 de julho de 1935, presidida pelo acadêmico Alcântara Machado.

O trabalho e a memória do poeta tatuiano estão preservados na “Semana Paulo Setúbal”. Realizado anualmente, o evento teve origem com mobilização municipal iniciada pelo jornal O Progresso de Tatuí em 1943.

A semana reúne concertos, saraus, o Concurso Paulo Setúbal e o Prêmio Literário Paulo Setúbal – Contos, Crônicas e Poesias – o primeiro, voltado a alunos de escolas locais e o segundo, de âmbito nacional.

O escritor, que viveu até 4 de maio de 1937, casou-se com Francisca de Sousa Aranha, filha de Olavo Egídio de Sousa Aranha e Vicentina de Queiroz Aranha. O casal teve três filhos: Maria Vicentina, Teresinha e Olavo Egídio Setúbal.