Capital da Música

(foto: Conservatório de Tatuí / Paulo Ribeiro)

Há mais de meio século, Tatuí já era reconhecida como a Capital da Música, em particular, graças ao Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, que veio a consolidar a maior vocação cultural tatuiana, notabilizando-a mundialmente. Fundada em 11 de agosto de 1954, a instituição elevou a cidade à notoriedade no ensino da música clássica. Já em 30 de janeiro de 2007, a relevância musical tatuiana era tamanha que a cidade acabou recebendo, oficialmente, pela lei estadual 12.544, o título de “Capital da Música do Estado de São Paulo”.

A tradição sonora local, contudo, foi se formando durante as primeiras décadas do século 20, quando a indústria da tecelagem impôs grandes transformações na cidade. O aumento da produção agrícola – com a cultura do algodão, trazida por Martinho Guedes – gerou o desenvolvimento industrial.

Entre os novos habitantes, atraídos para trabalhar na crescente indústria, havia muitos estrangeiros, especialmente na montagem das unidades fabris e na manutenção dos maquinários.

Originários de diversas partes do estado e do exterior, eles incrementaram a vida social, tornando a música parte determinante no convívio dos tatuianos.

O movimento também acabou revelando talentos reconhecidos até a atualidade, como o violinista Otávio “Bimbo” de Azevedo, o violoncelista João Del Fiol e tantos outros. O primeiro e o segundo – professor e aluno – tocavam em orquestras de cinema mudo, como o Cine São Martinho.

A efervescência musical também fez surgir as chamadas “jazz bands”, que se multiplicaram na região na década de 1920, sempre apreciadas pelo estilo musical.

O som se espalhou por diversos ambientes, tanto que Del Fiol, por exemplo, chegou a apresentar-se em igrejas. Além de dar aulas de violino, atuou como afinador de piano. O professor trabalhou, ainda, como almoxarife da Etec (Escola Técnica) “Sales Gomes”.

Lembrado na cidade por meio de uma estátua inaugurada em agosto de 2013, na Praça da Matriz, Del Fiol exerceu papel fundamental na criação do Conservatório, fruto de uma soma de esforços, incluindo os do deputado Narciso Pieroni.

Em 1950, o parlamentar ficou entusiasmado com uma apresentação do conjunto de Del Fiol. O violoncelista fez, então, o político prometer a criação da primeira escola pública de música do estado de São Paulo, em Tatuí.

O esboço do projeto foi redigido na mesma noite, por um grupo de intelectuais que costumava confraternizar no bar do Hotel Del Fiol.

Eles tinham como meta a construção da escola, em Tatuí, nos mesmos moldes do Conservatório Dramático e Musical da cidade de São Paulo e da Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro.
Pieroni apresentou a proposta na Assembleia Legislativa em dezembro de 1950. Em abril de 1951, o então governador Lucas Nogueira Garcez a sancionou.