Binho Vieira abre mostras no MIS de Tatuí com os 70 anos do Conservatório

Binho Vieira abre mostras no MIS de Tatuí com os 70 anos do Conservatório

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Primeira exposição do Museu da Imagem e do Som vai até setembro

Da reportagem

Na sexta-feira da semana passada, 9, aconteceu a abertura da primeira exposição no MIS de Tatuí, denominada “70 Artistas Celebrando os 70 Anos do Conservatório de Tatuí”, com autoria e curadoria de Binho Vieira, multiartista, historiador e músico.

A “exposição memória” homenageia a maior escola de música da América Latina, o Conservatório de Tatuí, que completou sete décadas de fundação no dia 11 de agosto.

“Nos seus 70 anos, nada melhor que 70 grandes artistas com suas fotos e suas histórias impressas em painéis murais para chancelar esta justa homenagem ao Conservatório de Tatuí”, declarou Binho.

A exposição está aberta à população com entrada gratuita, seguindo até o dia 13 de setembro. Ela fica aberta às sextas-feiras e sábados, das 9h às 17h.

Binho é criador da arte “Tijol”, movimento artístico tatuiano baseado em fazer artes com círculos, linhas e a desconstrução do tijolo cerâmico vermelho.

Durante a abertura, o artista explicou sobre a criação dessa arte. “Temos as maiores jazidas de argila vermelha da América Latina. Somos fortes em fábricas de cerâmica vermelha, são mais de 23 aqui em Tatuí. Então, a força da economia municipal da nossa cidade ainda é voltada à argila”, declarou.

“O movimento artístico ‘Tijol’ é fazer arte através das linhas, dos círculos e a desconstrução do tijolo cerâmico vermelho. E daí o que eu fiz? Transformar essa arte em um movimento que valorizasse o nosso tijolo, a nossa argila e o chão que pisamos”, acentuou.

O ‘tijolismo’ foi criado e lançado no dia 10 de março do ano passado, no Museu Histórico “Paulo Setúbal”, e contou com três meses de exposição, com mais de 4.000 pessoas participando e conhecendo as 58 obras em exibição.

Agora, 70 artistas escolhidos por Binho têm suas histórias e trajetórias no Conservatório de Tatuí contadas por textos e fotos. Os artistas têm registrado seus currículos, experiências e “contações de histórias”.

“Isso foi rico, porque cada painel tem sua peculiaridade, transformando nessa linha dentro do que foi uma ligação do artista com a escola”, comentou o multiartista.

Com base nas fotos dos homenageados, Binho transformou o furo dos tijolos no rosto de cada um. “Foi um trabalho bem minucioso, trabalhoso, mas chegou em um resultado muito legal”, observou.

Cada artista convidado para participar da mostra teve um painel mural em madeira, nas medidas 60 cm x 120 cm, com design e toque artístico retratando a história dele no Conservatório.

A exposição está dividida em quatro salas ambientadas, representando cinco temas: painel cordas (piano, harpa, luteria, cordas sinfônicas e popular); painel percussão; painel sopros (madeira e metais); painel canto; e painel teatro (artes cênicas e cenografia).

Entre os homenageados da exposição, estão: Cláudio Baiano, um dos primeiros professores de percussão do Conservatório; Bob Percussa; Atner Oliveira; Laruama Allves; Giovanni Ricioli; Paloma Bulsing; José Coelho de Almeida; Pedro Cameron; Ana Maria Teixeira de Medeiros; Javier Calvino; Erik Heimman Pais, Oscar Aldama e Álvaro Ponce De Leon R.

A homenagem também conta com artistas “in memoriam”, com autorização de suas famílias, buscando trazer relevância histórica para o projeto: Bimbo Azevedo, João Baptista Del Fiol, maestro Antônio Carlos Neves Campos e João Dias Carrasqueira.

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Laruama Allves, uma das artistas homenageadas pelo Conservatório, falou sobre a importância da instituição na vida dela: “Nasci aqui em Tatuí e tive uma oportunidade que pouquíssimas crianças no panorama do Brasil têm, de estudar e ter contato com a melhor música, o melhor teatro. Eu fui uma criança privilegiada”.

“Ser homenageada pelo Conservatório é como se a gente pudesse, mais uma vez, ter a oportunidade de agradecer esse encontro, que foi um grande encontro, rever pessoas… Lamentar, por perdas de pessoas que foram muito importantes para a gente”, declarou ela.

Sobre a importância do Conservatório para o município, Laruama observou o método de entrada na escola: “Para entrar, você precisa saber. E se esse é o único lugar de saber de nós, tatuianos, onde a gente vai aprender antes de entrar no Conservatório? Então, acho que precisa ter esse espaço, precisa ter esse espaço para que as pessoas de Tatuí consigam concorrer de forma leal, porque elas não têm outra escola”.

Sobre ser um dos homenageados, o professor e maestro José de Almeida Coelho declarou: “Fiquei muito feliz e muito honrado, porque já venho de um trabalho de 1968 a 1983, um tempo tão longo. E a cultura anda e o povo anda junto. A gente ser lembrado cria uma situação de agradável lembrança e gratidão pela homenagem feita aqui hoje”.

Zeca Collares também falou sobre o sentimento de ser homenageado. “Me senti extremamente honrado, muito agradecido, porque enxergo essa instituição como algo extremamente importante para a sociedade e a humanidade. É de uma grande responsabilidade, como um novato do Conservatório”.

Sobre a exposição, Binho ressaltou: “Foram nove meses de trabalho, de pesquisa de campo, para chegar a 70 artistas; buscar histórias relevantes que representem a escola e o Conservatório de Tatuí. Então, chegar nesse momento foi muito prazeroso, muito mais ainda por reunir os que estão nos painéis aqui para celebrar juntos essa conquista de 70 anos de Conservatório”.

Sobre a importância do Conservatório para o município, Binho destacou: “A música traz um repertório de possibilidades para que a criança se transforme em um adulto mais consciente e com muitas mais oportunidades que possam surgir através da música, através do canto, através do teatro e da luteria”.

A exposição, primeiramente, aconteceria no Conservatório, mas, segundo Binho, por questões de acessibilidade, pensou em optar pelo Museu da Imagem e do Som.

“Quando ele fez essa provocação de trazer para o MIS, ainda estávamos em diálogo com a família Setúbal, porque o Complexo Cultural pertence ao Museu Histórico ‘Paulo Setúbal’”, declarou Rogério Vianna, diretor municipal de cultura.

Conforme Vianna, era aguardada liberação de R$ 417 mil para a abertura da exposição do museu. Assim, ele pediu para o artista aguardar até dia 15 de junho para saber se a exposição poderia estar lá.

“O Binho, ansioso para saber o local; eu, esperando, até que deu dia 15 e tive que cumprir a palavra. Falei que pode vir, vamos abrir o MIS na semana de aniversário como um presente para a cidade, e vamos continuar buscando os recursos. No dia 25 ou 26, a família Setúbal bateu o martelo na doação dos R$ 417 mil, que daí finaliza a expografia do MIS, que pretendemos inaugurar no dia 5 de novembro.

A exposição dos 70 artistas será a única mostra temporária do MIS, que receberá uma permanente. O local para exposições temporárias será o Memorial do Rugby.

O MIS de Tatuí

O MIS faz parte do Complexo Cultural, situado na avenida Domingo Bassi, esquina com a avenida João Batista Correia Campos (marginal do Manduca), ao lado da prefeitura.

Ele é voltado para a cultura e acervo de registros históricos do município. Além do MIS, o Complexo Cultural abrange o Memorial do Rugby 1928 “Dr. Gualter Nunes”.

Segundo registros, existem apenas três modelos desse carro no Brasil, sendo o de Tatuí um deles. Tendo pertencido a Gualter Nunes, o veículo se tornou parte do acervo do Museu Histórico “Paulo Setúbal” por meio de uma doação por Paulo Ribeiro, Nilzo Vanni, José de Castro Freire e outros, conforme documentação preservada no museu.